Petardos latinos



Samurai estava na cidade. Fato raro ultimamente. A vida de semi-aposentado tem lhe dado muito trabalho. Aproveitamos então para fazer uma pequena arruaça na casa do Polaco, junto com o Doutor, onde abriríamos umas boas garrafas e essa novidade que apareceu na Cadeg, um mini jamon, importado pela Casa Flora. 
O Japa chegou com esse Gran Malbec de Angeles 2008, que trouxera de sua última viagem pra terra dos hermanos. Polaco tirou da adega seu Familia Deicas Preludio, que trouxe do Uruguai e eu levei meu Epu, que trouxe do Chile. Pronto... Teríamos uma noite de sul-americanos, escoltada por um Jamon Serrano.
O bicho vem muito bem apresentado e com Kit completo. Com a faca especial para o corte e uma base de mármore para prender o presunto e facilitar os trabalhos. Coisa fina. 
Depois de um tempinho, consegui fixar o Jamon na base e comecei a cortar fatias bem fininhas, como manda o figurino. Começamos com o Epu 2008. Uma beleza esse vinho. Tava um veludo. Arredondado coisa de ano e meio na minha adega. Esperando o momento certo. Tarefa árdua. Mas compensatória. As notas de especiarias e o leve mentolado característico do Epu estavam lá. O líquido evaporou bem rápido. 
Fomos pro Uruguai, do Preludio, vinho ícone da Juanicó. Polaco e Doutor visitaram essa e outras vinícolas uruguaias no ano passado numa enoviagem curta que fizeram até Montevidéu. Adoraram o passeio e os vinhos. O Familia Deicas Preludio 2004 vem numa caixa de madeira bonita. Um corte com 40% de Tannat, 24% de Cabernet Sauvignon, 20% de Cabernet Franc, 2% de Merlot, 2% de Petit Verdot e 2% de Marselan, estava bala e ainda sim, indicava que ficaria evoluindo tranquilamente na garrafa por mais alguns anos. O meu exemplar que ganhei tá lá guardado na masmorra.
Partimos pro Gran Malbec de Angeles 2008. Hermano que não chega aqui pelas importadoras. Malbecão clássico. Corpulento e com taninos parrudos. Acertamos em deixá-lo por último. Nada especial. Nada de diferente do que estamos já acostumados por aqui. "Apenas" mais um belo malbec.
O melhor da noite, entretanto, foi o jamonzinho serrano que nos acompanhou até o fim. O seu fim, diga-se de passagem. Pois não sobrou muita coisa pra farofa que a a patroa do Polaco estava imaginando fazer pro dia seguinte.

Bem, cada um com seus problemas, né? Àquela altura, o meu e do Samurai seria apenas conseguir um táxi no ponto da praça São Salvador.



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As feras da Cousino Macul

Quando fizemos aquela invasão ao Chile, em 2010, visitamos uma vinícola que muito nos agrada mas que não foi reportada durante a série de posts que fizemos. Uma falha...

E como nós trouxemos na mala o que de melhor a Cousino Macul tem a oferecer,resolvemos fazer uma segunda degustação com os vinhos desta vinícola que é, diga-se de passagem, muito pouco comentada por essas bandas.
Sim, já haviamos feito uma degustação com toda a linha da Cousino Macul lá nos primórdios do WineLeaks. Relembre aqui. Dessa vez, teríamos o Finis Terrae 2007 e Lota 2006.
Ambos no decanter e minha expectativa lá em cima. Os torpedos estavam na adeguinha do Polaco há dois longos anos. Teriam dado aquela arredondada matadora ou teriam sucumbido às possíveis intempéries?
Bem, o Finis Terrae foi pras taças. Eu realmente gosto muito desse vinho. Corte certeiro de Cabernet com Merlot. Destaque pra essa pimenta seca envolvente. É o que sempre me chamou a atenção nesse cara. Valeu a pena a guarda. Acho que foi o melhor Finis Terrae que bebi. E olha que não foram poucos.
O Lota, então, foi pra jogo. Eu fiz questão de ficar com duas taças para poder compará-los. O bicho é o Top da vinícola, vem numa caixa de madeira bonitona e custou, na época, o equivalente a 100 dólares. Era um pouquinho mais macio e havia um tantinho mais de corpo. Mas a diferença entre eles nem de longe foi igual àquela que encontramos na degustação anterior. Opinião, aliás, quase unânime na mesa. E claro que vêm à cabeça a questão do custo-benefício. Numa situação como essa, nós, pobres bebedores brasileiros, jamais conseguiríamos ignorá-la.  O Finis Terrae custa aproximadamente 20 dólares no Chile.

O Lota não chegou a decepcionar, mas o Finis Terrae ganhou muitos pontos na nossa tabela dessa vez.


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