Rei nas terras de cegos: Seña 2003


Quando o Doutor voltou de Chicago, trouxe em sua bagagem um dos vinhos mais badalados do momento. Um sulamericano que anda aprontando pra cima dos bambas franceses em degustações às cegas mundo afora, chutando a retaguarda de todos que cruzaram seu caminho sem a menor cerimônia. Por 65 Obamas, o Seña 2003 foi adquirido em uma loja especializada em vinhos na cidade americana. 
Preparamos então uma noite especial para abrir essa garrafa. Chamamos o Samurai, mas como ultimamente ele anda muito ocupado, acabou fazendo Forfait e perdeu essa. Éramos então somente eu, Doutor com a Doutora, o Polaco e sua patroa. Essa última preparou como sempre uma mesa caprichada com frios e pães.

O vinho foi pro decanter e por lá ficou por pelo menos uma hora. A cor era fechada, mas com reflexos avermelhados nas bordas revelando já uma evolução. Aromas muito intensos e cheios de nuances não deixavam nenhuma dúvida de que o negócio ali era barra pesada!

Na boca era um torpedasso delicioso onde a fruta e a madeira, ambos no talo, estavam integrados de maneira impressionante. Era Kung Fu da melhor qualidade possível. A grande virtude desse vinho parece ser justamente isso. É esse "excesso controlado" e harmônico, criando um caldo irresistível e de sabor interminável. Provavelmente esses 6 anos de garrafa lhe deram aquela arredondada matadora que fez uma grande diferença. Estava no ponto esse 2003.
Doutor então resolveu fazer uma covardia. Pegou um Notas de Guarda Carmeneré 2008, que estava guardado na adeguinha climatizada do Polaco e botou na roda. Foi prum decanter pra ser "comparado" com o finalzinho do Seña.
De cor também fechada, mas puxando praquele clássico violeta nas bordas, o Notas de Guarda não foi páreo pro Seña. Mesmo assim eu gostei muito e fiz alguns elogios ao Carmeneré da Santa Helena, enquanto os outros apenas teciam loas à estrela da noite. Ok, eu apenas não queria ser tão injusto. Espero poder degustá-los novamente, em outra situação.



Doutor viaja para a Americolândia de novo no fim desse mês. Vamos ver o que ele vai trazer na mala dessa vez.



B          7
   K             2

4 comentários:

Leigo Vinho disse...

Quando li o post até fiquei animado com o vinho, mas...
Preço na Expand (2007)=485 dilmas.
Assim não dá, né?

BK72 disse...

Rapaz, aqui no Brasil só dá pra comprar os vinhos de "dia a dia" e os C/Bs.

Essas feras aí só em viagem.

Abs

Doutor disse...

Acho que esse foi o melhor vinho que já tomei. É uma pena que custe tão caro por aqui ( ou nós que ganhamos pouco). Essa loja em Chicago é muito boa, chama warehouse liquors. Por incrivel que pareça, o vinho estava no mesmo lugar há pelo menos um ano, ninguem ligava pra ele, e o dono ficou muito feliz quando eu comprei pois disse que os americanos dificilmente pagariam 65 obamas num vinho sulamericano. Pagariam num francês ou num vinho americano. Que bom pra nós.

BK72 disse...

Boa dica.

Espero que faça pwlo menos um post dessa sua nova passagem pelos EUA.
Abs