Sob o sol da Toscana - Final

Hora de partir em direção à Siena, outra belíssima cidade. Antes, fizemos um desvio para passarmos em Monteriggione, uma cidade castelo. Minúscula, medieval e toda murada. Gasta-se menos de 5 minutos a pé para ser atravessada de portal a portal. Linda.! Depois passamos em  San Gimignano. Com 7.000 habitantes, é mais uma cidade medieval encravada no alto de uma colina, cercada totalmente por muros. Esta é a cidade das torres. Hoje só tem 14, mas já teve 72.
Patrimônio mundial da Unesco, turismo intenso, comércio próspero e a Gelateria di Piazza. Sorveteria que ganhou prêmio de melhor do mundo nos últimos 2 anos. Óbvio que experimentamos. Também tem seu vinho próprio que é o Vernaccia di San Gimignano, só  branco. Trouxe duas garrafas, além de tomar uma taça in loco, no museu do vinho. Não podia tomar mais, pois o carro estava sob meus cuidados.
Na chegada em Siena, cidade de 52.000 habitantes, o GPS nos deu um baile, pois insistia que entrássemos no Centro Antigo pela  contra-mão.
Depois de três tentativas frustradas e mais de uma hora perdida, conseguimos nosso objetivo. Fomos conhecer a Catedral, mas infelizmente já  estava fechada. Então fomos jantar na Piazza Del Campo e aí tomamos um Chianti. Que lugar maravilhoso! Na volta para o hotel, sem mapa, nos perdemos. Valeu. Com isso andamos por todo o Centro Antigo, que é muito interessante. A noite fomos na  Enoteca Italiana, com mais de 1.000 rótulos à venda, além de servirem também em taças. Tomamos duas taças de Brunellos diferentes cada um e ainda compramos um outro Brunello, o Camigliano, para trazermos. Em frente havia uma discoteca que estava bombando.
No outro dia de manhã fomos em direção à bela Florença. Coisa de uma hora de viagem. Isso para quem tem pressa. Não era o nosso caso. Portanto, conseguimos fazer o trajeto em  9 hs.   Tínhamos hora para entregar o carro. Eita, carro... Sempre ele. Se não, gastaríamos 12hs, ou mais, quem sabe? Escolhemos a estrada do Chianti. Que maravilha!!!
Paramos em Radda di Chianti e Greve di Chianti, além de alguns desvios e entradas em vilarejos simpáticos e pequeninos. E muitos e muitos vinhedos.
Em Greve, compramos na feira de rua um presunto de Parma, cortado na hora do próprio  pernil do porco (DELICIOSO), um Chianti e fizemos a festa num banco de jardim. Algo como os farofeiros fazem. Tinha mais dois casais fazendo o mesmo.
Lá tem uma Enoteca, a Unione Produtori Vini Del Chianti, que vende vinho em maquina self-service. Mais de 100 rótulos com preços diversos que variavam de quarenta centavos a seis Euros. Tomamos quinze Euros em taças e compramos duas garrafas de Chianti. Imperdível  pra quem passar por essas bandas. Era sábado e estava tendo uma grandiosa feira de flores, muito bonita.
Chegamos em Florença e fomos jantar no La Lampara, mas antes, passamos pelo maravilhoso rio Arno e suas famosas pontes.
Então comemos uma bisteca Fiorentina de 800 gramas para dois. Foi a conta. Tomamos mais um Chianti e para terminar um delicioso Limoncelo. Fomos dormir cedo. No outro dia partiríamos de trem para Milão onde pegaríamos um Avião para a Turquia.

Agradeço ao BK, ao General e ao Leigo pelo incentivo e pela força que me deram para escrever estes 4 post.

0-Berto

o "A" e o "B"



Essa dupla foi derrubada na casa do Polaco, com a ajuda do Doutor e Doutora. Ocorreu num desses frios domingos pelos quais os cariocas estão passando esse ano. Ótimos para uma enofarra.

Começamos com o Zuccardi Serie "A" Malbec 2009, que provavelmente foi adquirido no Free Shop do Rio. Clássico toda vida. Tudo aquilo que se espera de um Malbec hermano na taça. Vivão, corpulento e bem gostoso.
A Família Zuccardi é um dos produtores bambambans da Argentina. E seus vinhos têm um preço bacana. Vale muito a pena adquirir, tanto a série "A" quanto a serie "Q" (essa, de vinhos mais elaborados e caros) quando se passa pelo Free shop voltando de viagem ao exterior. E vez por outra rola uma promoção com um pack de 3 por um preço menor.

O Chateauneuf-Du-Pape "B" Louis Bernard 2005 foi adquirido pelo Polaco há uns anos atrás, diretamente em Paris, e ficou em sua adeguinha principal durante um bom tempo maturando. Nada de assadeira pra esse cara aí. Afinal de contas, era um Chateauneuf. E trazido  carinhosamente numa mala, vestido em meias e misturado com as roupas do Polaco.

Estava ótimo. Praticamente arredondado. Bem queimadão. Madeira bem presente, disputando lado a lado com a fruta o seu espaço tanto no nariz quanto em boca. A cor era um pouco mais fechada que o normal para um vinho do seu tipo. Muito gostoso. Esse aí, leva no corte a Grenache, a Syrah e a Mouvedré.

Mais uma vez, valeu a guarda!

B  K  7    2

Septima Gran Reserva 2008

Este post escrevo como parte do intercâmbio inter-blogs Leigo Vinho-Wineleaks.
Estava na dúvida sobre o que degustar, para não fazer feio, uma vez que o post do General me deixou com obrigação de apresentar um vinho de nível.
Então me ocorreu de provar um vinho que parece ser muito apreciado aqui pelas bandas do Wineleaks.
  
E, de fato, a turma parece entender de vinho. O vinho é bão mesmo. Garrafa grandona e imponente, pesada. Rolha enorme, personalizada.
Cor rubi escura, com tendência ao púrpura. Denso na taça.
No nariz o primeiro ataque é frutado. Com aeração, surgem tabaco, tostado e, obviamente, madeira. Mas sem excessos comuns aos hermanos.
Na boca, continua fazendo bonito, bem equilibrado, com taninos potentes, porém classudos. Acidez correta (pouco comum para vinhos mendocinos, que costumam ser pouco ácidos). Álcool presente, mas sem atropelos.
Final longo, delicioso.
O vinho apresenta o que os hermanos tem de melhor e sem exagerar.
Acho que em alguns poucos anos deva atingir seu auge.
Em viagem recente a Mendoza, tivemos oportunidade de passar na porta da Bodega Septima, mas não visitamos. Depois desse vinho já tenho uma boa razão para fazer a visita.
Classificação Leigo Vinho: muito bom.


FICHA
Produtor: Bodega Septima
Tipo: Tinto - Assemblage
Região: Valle de Uco
País: Argentina
Uvas: Malbec(55%), Cabernet Sauvingon(35%) e Tannat(10%).
Graduação Alcoólica: 14.5%
Temperatura de Serviço: 16º-18oC
Envelhecimento: 14 meses em barricas de carvalho francês de 1º, 2º e 3º uso.
Diretrizes Enogastronômicas: Cordeiros assados, queijos maduros, carnes de caça e molhos fortes.
Safra: 2008
Estimativa de Guarda: 10 anos
Avaliações: Wine Spectator - 89

Leigo Vinho

Sob a inveja da Toscana

Dia desses eu estava bebendo (vinho, claro) e comecei a imaginar como teria sido a conversa desses dois amigos de São Lourenço: 
   
-Rapaz, preciso falar contigo. Eu queria saber se você se incomodaria se eu escrevesse sobre minha viagem à Toscana lá no blog daqueles malucos;
-Uai! Mas porque vc não escreve no meu, ou melhor, no nosso Blog? Eu já te pedi um milhão de vezes pra você escrever um post!
-sei lá, uai... Mas, por alguma razão, eu acho que os relatos que vou fazer cabem ali. Claro que não é nada contra você, que é meu grande amigo. Eu nem conheço esses caras, veja só... E então, você se incomoda?
-Claro que não! Seu ingrato! 

Bem, provavelmente não foi assim. E nem das várias outras maneiras que eu, mareado, comecei a especular. O fato é que, lisongeado e agradecido que estava com a série de posts do 0-Berto, resolvi que deveria homenageá-lo, pois ele foi o grande catalizador dessa empatia e do intercâmbio virtual que nasceu entre o Leigo Vinho e o WineLeaks.
Pensando nisso, fui atrás de um Toscano pra comprar, beber e postar. Não poderia ser do nível dos que o 0-Berto provou, devido ao custo Brasil. Mas também não poderia ser um "tosqueira", e sim, um toscano. Afinal, essa homenagem também seria uma forma de aplacar a inveja que seus posts me causaram.
Achei então esse cara aí na Grand Cru. O Rubio 2009. Antes de comprar, uma pesquisa rápida na winemag pra saber se o que eu estava pagando era apenas o absurdo ao qual já estamos acostumados ou se era algo surreal. 16 Obamas lá, 59 Dilmas aqui. Pros padrões da Grand Cru, esses 2x e uns trocados até passam.

Cheguei em casa e comecei o velho ritual. Saca-rolhas, aerador, decanter... Taça grande! Fiz a primeira prova sem demora, só pra matar a enoabstinência. Os aromas não eram explosivos. Faltava um respiro, claro. O álcool disse "Olá" mesmo com o líquido estando ao redor dos 15 graus. Um pequeno problema que, cá entre nós, já não aborrece tanto esse novomundista acostumado com alguns sulamericanos de má formação. Na boca, os taninos rascantes e o álcool sobrando fizeram com que esse primeiro gole, sempre redentor depois de um dia de trabalho, viesse com um aviso: "Aspettare!" Não estávamos prontos.

Depois de muito respirar pra que a calma e o controle invadissem seu corpo, tal como um ser humano que acabou de sair de uma clausura, o vinho caiu em si e mostrou um pouco de equilíbrio, após aquele Kung Fu desordenado. E com ele, veio um pouco mais de prazer. Uma cerejinha chegando com pimenta no nariz. Os taninos já tinham se transformado em leões de chácara educados e gentis. Minha garganta e boca também já estavam entrando em sintonia com o caldo. Ummm... A Toscana descrita pelo 0-Berto, por um instante, num breve arrepio, me disse bem baixinho: "venire, venire!"

  
Wow! Que perigo! Numa dessas a gente acaba indo. E quem sou eu, ainda, pra pensar numa coisa dessas? 


                              K                            2
                         B                            7