Invadindo o Chile - Parte 1: A Alma viva

A visita à Almaviva foi a primeira coisa que fizemos em Santiago após desembarcar e fazer o check-in no Hotel. Um dia antes liguei do skype pra vinícola e fiz a reserva para nosotros. 15 mil pesos chilenos (uns 30 dolares), que davam direito somente a uma taça da safra 2007 do Almaviva.
A sala de degustação da Almaviva
A vinícola é uma beleza. Pequena, moderna e classuda. A silhueta da fachada acompanha as curvas da cordilheira à sua frente.  Fomos recebidos por uma loira bonita e simpática que nos guiou pelas instalações e explicou tudo sobre a vinícola e seus vinhos. O Almaviva e o Epu. Ao final, fizemos nossa degustação numa salinha bacana onde nossas taças já nos esperavam. Tudo exclusivo. Éramos apenas eu, Polaco, Doutor e a nossa guia.

Almaviva Vs Epu
O Almaviva é considerado o vinho bambambam do Chile. Surgiu de uma parceria entre a Concha y Toro e os franceses do Rothschild, que criaram a vinícola Almaviva numa das regiões de melhor terroir do vale central, pra onde levaram as melhores plantas que faziam o Dom Melchor. O Epu é o segundo vinho dessa vinícola e sua primeira safra veio no ano 2000, quatro anos depois da primeirona do Almaviva. Uma parte das parreiras da vinícola começou a sofrer uma forte influência de uma plantação de eucalipto que ficava próxima. O que faria com que o Almaviva ficasse muito diferente de sua caracteristica original. Pois bem, essas uvas fizeram então um novo vinho, que foi arredondado com um tanto do Almaviva e que tem menos tempo de madeira (um ano).
Acabou sendo o vinho que veio suprir o mercado interno chileno. Como o Almaviva tem quase 90% de sua produção exportada, o Epu só é vendido no Chile, e bem mais em conta que o Almaviva. Em outubro de 2010, o Epu custava, na vinícola,19 mil pesos (R$70,00). Enquanto que o Almaviva custava em torno de R$ 280,00.
O Epu também é para poucos. Mas num outro sentido.
Muita gente que provou os dois vinhos surpreendentemente prefere o Epu. E eu sou um deles. Mas quais seriam as razões?
Pra começar, está claro que o Epu não é exatamente um segundo vinho da casa no sentido pejorativo do termo. Ele é quase um paralelo. Mas distinto. Além disso, o Almaviva por ser a potência que é, se for bebido recém-nascido, pode perder pro Epu na taça de um não-especialista (e eu sou um deles!).  Muitos vão achar que o Almaviva  é pesadão, tânico, fechado, etc . Enquanto  que o Epu já chega com esse mentolado charmoso, se mostrando mais delicado e redondo que seu irmão mais velho. Mas é claro que, se vc pegar um Almaviva com mais de 10 anos de adega, a história vai ser diferente. O Almaviva tem potencial de guarda estimado em 30 anos.
Como não tenho vocação pra carcereiro, e nem grana pro Almaviva, fico com o Epu.

BK 72

P.S.: No final do ano passado, o EPU passou a ser comercializado fora do Chile. A Brasileira Wine fechou um acordo com a vinícola e trouxe uma quantidade limitada do EPU 2007, que não era mais vendido em Santiago, por R$190,00. Em Santiago, só achamos o 2008.

2 comentários:

Leigo Vinho disse...

Excelente post.
Não é a toa q coloquei este blog nos links do meu.
Abs

BK72 disse...

Obrigado, Leigo.

Tô sempre de olho nos teus posts também. Quero saber suas impressões sobre Mendoza e sobre as dicas do Doutor.

Beba sem moderação por lá!

Abs