A sombra das garrafas imortais


Noite dessas o agora "difícil" Samurai resolve dar sinal de vida e organiza uma arruaça em seus aposentos. O timming foi perfeito, pois o Jujuba acabara de voltar de Portugal, mais precisamente da região do Douro, onde ficou por um mês (!). Claro que não voltou de malas vazias. Eu, Jujuba e Bin Laden já estávamos armando praquela noite mesmo o esvaziamento de uma das garrafas especiais que veio nessa leva. Partimos então pro dojo do Samurai.

Nosso amigo General infelizmente não pôde estar conosco nessa noite porque "estava bebendo vinhos com os amigos na Cadeg". Ora, vejam só... Se a gente não o convidasse para beber conosco, jamais saberíamos que ele foi beber com os amigos. E na Cadeg! Enfim, sua patroa estava conosco abrilhantando a noite, junto com a filha do Samurai
Chegamos eu, Bin e Jujuba com os trabalhos já iniciados. Colocamos a nossa estrela da noite num decanter e  abrimos um branco que também veio na bagagem do Jujuba. Teixeiró branco 2011,  que  impressiona pela acidez perfeita. É justa toda vida e não desanda. Vinho de grande frescor. Vamos começar a sessão tortura? por essa garrafa, Jujuba pagou 3 euros. Custa 48,75 Dilmas na Mistral. Argh!
Samurai vai à sua adeguinha e saca um espanhol, Santa Cruz de Altazu 2005, 100% Garnacha. Com o Decanter ocupado, teve que respirar nas taças, coitado. E claro que precisava. Madeira tostada. Corpulento, porém macio e com taninos amigos. Melhorou a cada respiro.
Fomos então para nosso portuga do alentejo. Enquanto o Jujuba estava em Portugal, volta e meia conversavamos no skype e ele reportava o que estava garimpando por lá nos mercados. Ele achou esse  Quinta do Quetzal Reserva 2008, Alentejano, todo medalhado, por 19 euros. Fui na winemag e vi que a safra 2007 na América custa 38 Obamas. Levou 94 pontos. Ok, esse era nosso.
E o nosso estava realmente espetacular! Chocolate no nariz com intensidade e clareza nunca vistas. Taninos finíssimos e muito amáveis. Redondasso. Valeu cada centavo de euro. Valeu a viagem. Uma jóia do Alentejo lapidada por dois enólogos: José Portela e Rui Reguinga. Infelizmente esse não chega aqui nem com imposto e lucro Brasil. Bem, talvez seja melhor assim...
Samurai resolve então jogar. Mantendo o nível lá em cima, saca de sua adega um "bola vermelha". Explico: Sua filha tinha a mania de, na ausência do pai, esvaziar algumas de suas garrafas. Até aí, tudo bem, desde que ela ficasse longe daquelas que tivessem um adesivo de bolinha vermelha colocado pelo Samurai para designar as garrafas especiais.
E esse Oldfjell 2005 já estava na mira dela desde quando ambos visitaram a vinícola em 2010. Foi pras taças após rápida passagem pelo decanter. O rótulo já estava "pedindo pra sair". 15 graus. Volumoso. Intenso. Muito bom. Kung Fu lá em cima e sem miséria em nada. Mato, couro, floral, especiarias, fruta madura, cadeirada nas costas... Tá tudo lá. Bem animado. Esse aí não chega por aqui. E só é feito em alguns anos, quando há condições adequadas, segundo informação do contra-rótulo.
Ainda houve espaço para mais um tinto. Esse D.v. Catena Cabernet-Cabernet 2006, que é um belo vinho, naquele contexto tornou-se um vinho mediano. Sumiu perante a grandeza dos outros. Incrível! O nível estava muito alto pra ele.
E conseguiu subir ainda mais quando o Samurai resolveu fechar a noite com um IceWine canadense. O Lost Bars Vidal Icewine 2008,  que eu trouxe pra ele há mais de um ano, quando da nossa invasão ao Canadá. Uma bela surpresa saber que ele guardara essa garrafinha pra uma ocasião como essa.
E o Ice wine foi mesmo a chave de ouro cravejada com diamantes que todos esperavam. Que delícia... Uma gama de frutas. Pêra, pêssego, damasco, laranja e outros tons cítricos vinham com um frescor arrebatador! E tudo em miseros 8,5 graus. Que mágica é essa que é feita num IceWine? Um espetáculo! Impressionou a todos os presentes.

Fomos embora com a sensaçao do dever cumprido. Só espero que o General também tenha tido uma grande noite bebendo com seus amigos. Quem sabe a noite dele também seja digna de um post?



                  B

                  K

                  7
                    2

Os senhores das armas: Clos Apalta 2008



Numa quinta-feira dessas de 2012, eu e o General fomos convocados para uma missão importantíssima na casa do Polaco. Doutor chegara há pouco da Amerikolândia e trouxe  um Clos Apalta 2008. Vinho que ficou famoso justamente em 2008, por ter tido seu exemplar da safra de 2005 eleito como o vinho do ano pela revista Wine Speculators
Deveríamos então, nós quatro, desarmar esse artefato e colocá-lo inteiramente sob o domínio de nossas taças.
A minha já consagrada pasta de truta defumada era o acompanhamento principal, cercado por queijos e frios.
O Clos Apalta foi pras taças já no ponto, após passar pelo decanter por um período mínimo de uma horinha. Uma beleza! Encorpado como esperávamos, cheio de fruta na boca e no nariz. E o que é melhor, redondinho. Taninos Marcados, mas agradáveis.
Um clássico moderno sulamericano que valeu a pena ter sido trazido. Dos chilenos que andaram visitando nossas taças, o Clos Apalta só tá perdendo pro Sena. E olha que só tem vindo bazuka pra cá!

Até o final do ano é possível que que chegue mais armamento pesado pro nosso QG. Vamos torcer.

B                  7                          
     K  
                                                  2

Voltando... e com um Pêra-Manca 2007


A fase anda boa! Doutor aparece no QG com uma garrafa que ganhou de sua chefe, que voltara há pouco de Portugal. Parece piada, não é?


"Infanticídio" foi uma palavra que por um minuto ousou passar pela minha cabeça. "oportunidade" veio com mais força e mandou o petardo português para o decanter do Polaco. Não ficou mais do que 40 minutos e foi pras taças. Um tanto amarrado, ia se soltando na marra que o impunhamos. Mas foi ótimo, pois íamos percebendo sua evolução e consequente metamorfose. O nariz, muito complexo. Destaque para um fumo, meio queimado, bem classudo, que de certa forma se repetia levemente em boca. O que lhe conferia uma personalidade muito marcante e única. Pelo menos para mim. Os taninos ainda estão saindo no tapa. Mas isso era esperado e, definitivamente, não incomodam. Um vinho que pode ser bebido agora e que obviamente iria melhorar com a masmorra daqui a duzentos anos e tal...
Antes do portuga acabar, vimos que seria necessário uma outra garrafa, pois éramos 5 ( Doutora e a patroa do Polaco completavam a degusta). Mandamos prum outro decanter um Terrunyo cabernet 2007, que já imáginávamos ser tiro certo.
É uma beleza essa linha da CyT. Já Provamos Terrunyos aqui, aqui e aqui. Nunca comprados aqui, no Brasil, por razões óbvias. Foi um ótimo contraponto ao Pêra-Manca 2007. Nessas horas que realmente percebemos as diferenças entre o velho mundo clássico e o novo mundo, também clássico, por que não? 

Quem ganha num embate desses são aqueles que estão por perto, com uma taça na mão.

B              K            7            2

EnoPicNic na Lagoa



O Senhor AK estava há muito tempo programando um enoevento comigo, onde colocaríamos as crianças pra brincar, as patroas pra conversar e as garrafas pra tombar. Mas sempre havia algo interrompendo nossos planos. Eis que num belíssimo domingo de inverno, marcamos um PicNic na Lagoa Rodrigo de Freitas. Perfeito!
Às 11:30h chegamos ao local determinado pelo AK, em frente ao Parque da Catacumba. Nosso "anfitrião", dono do pedaço, já nos aguardava com um edredon estirado no gramado entre duas árvores que ele assumiu como sendo de sua propriedade. Logo em seguida, chega o General com sua patroa, pra alegrar ainda mais nosso domingo no parque.
Duas garrafas nos acompanharam, junto com queijos, frios, pães e biscoitonhos. Um Pinot sulamericano e um Bordaux.
Quando percebi que dessa vez nosso encontro definitivamente aconteceria, eu abri esse Casa Marin Pinot Noir 2009, que ganhei do Samurai há algum tempo. Coloquei no decanter e mandei pra geladeira, ficou lá enquanto a patroa e a princesa se preparavam. Antes de sairmos, mandei de volta pra garrafa com a ajuda do funilzinho. Já chegou na Lagoa prontinho e na temperatura certa. 
O Casa Marin  já é um Pinot "clássico" sulamericano. Os franceses devem achar uma heresia fazer um Pinot com 15 graus. É a segunda vez que bebo esse Casa Marin, e dessa vez, a impressão foi bem melhor. Não parece muito um Pinot, ou seja, os especialistas diriam que a "tipicidade" não é seu forte. Mas o bicho tava redondinho.
Abrimos o Chateau Timberlay 2008 ao mesmo tempo. Mais rústico e amarrado, demorou um pouquinho pra mostrar suas qualidades. Exceto no nariz, que foi onde o vinho mostrou seu melhor, com destaque prum floral logo na primeira chamada. Agradou.

Alias, tudo foi agradável. As meninas brincando, as conversas, o sol, a sombra, a brisa leve... Enfim, a sensação de que a vida não é apenas boa, e sim, muito boa!

Temos que repetir.


B    K 
7     2

Almavivinha


Antes de ir pra Amerikolandia, Doutor me pediu que fizesse uma pesquisa sobre lojas e barganhas em NYC. A loja Sherry-Lehmann é famosa e possui um site com seus preços e promoções do momento. Lá constava que havia algumas  garrafinhas do Almaviva da safra 2006 por menos de 50 Obamas. Uma pechincha que deixaria qualquer chileno com inveja.
Doutor comprou duas. Uma ele matou lá mesmo com a Doutora. A outra meia garrafa desembarcou na casa do Polaco. Para nossa alegria!
 
Pois bem, o casal de doutores iria nos encontrar no QG principal do WineLeaks para abatermos juntos essa meia garrafa. Claro que meia garrafa nos daria direito a somente uma tacinha miúda do caldo. Portanto, abri com o Polaco, antes dos doutores chegarem, uma garrafa desse  Alto de Terra Andina Reserva 2002, adquirida numa promoção surreal na Grand Cru. A Vinci é a importadora dos Terra Andina. Não me pergunte como foram aparecer vários bons rótulos dessa vinícola na loja da Grand Cru, com preços ridículos (17,90 dilmas, contra os atuais 70,64 da Vinci). Esse daí nem existe mais. Evoluiu pra linha Altos, que é de muito boa qualidade.

Ao abrir a garrafa, a primeira surpresa. Havia dois lacres. Um por cima do outro. Mal sinal. Eu diria péssimo, não fosse o perfeito estado da rolha. O vinho estava inteiro, parecendo um europeu. Halo bem avermelhado e claro. Nariz elegante e trazendo frutas secas e alguma doçura. Boca já descendo a ladeira, mas ainda vivo. Bem vivo e interessante.
Doutor chega e o prova às cegas: " É um Gran Reserva espanhol". Belo tiro, mas na água. Assim como ele, a doutora gosta muito do que tem na taça. Quando viram a garrafa, ficaram surpresos, claro.
 
Fomos então pro Almaviva 2006. Nós tivemos a oportunidade de provar o 2007 na vinicola, em 2010. E naquela época o bicho tava cabreiro demais. Só briga. Era evidente que precisava de um bom tempo numa masmorra para se mostrar grande. Esse 2006, em 2012 ainda está puxado. Mas é um infanticídio tolerável, pois o vinho, apesar de muito potente, já desfila nas taças sua grande qualidade.
Seria até injusto compará-lo com os outros tops que passaram em nossas taças recentemente. Almaviva é um vinho de guarda assumido. Ainda não foi dessa vez que o pegamos no tempo certo.

Esperamos que não nos falte oportunidades.


B    K                  7                  2

A Confraria dos Canalhas. Bebendo sem moderação.

Confirmando a forte tendência de alta, recebemos esse mês a visita de outro ilustre personagem do WineLeaks. O Sr. Woody veio ao Brasil para o lançamento da nova safra do Diablo. Não o Casillero, que até degustamos juntos ano passado em Vancouver. Outro Diablo, que vende tanto quanto seu homônimo mundo afora.
Mas o que importa aqui é que os planetas se alinharam e, depois de muitos anos, estavamos juntos eu, General e Sr. Woody. Pra arrematar, o Sr. Flick foi convocado, fechando a confraria.
A ocasião era especial e as garrafas não poderiam destoar. Logo, a seleção foi barra pesada! Metade novo mundo, metade velho mundo.


Abrimos os trabalhos com o nosso novo queridinho, o Jean Bousquet Malbec Reserva 2009. Aprovadíssimo pelos confrades, que iam chegando com o hermano já amaciado pelo decanter. Desceu acompanhado de parmesão e uma pasta de truta defumada.
Foi então para um outro decanter uma estrela do velho mundo: O Amarone Zenato 2006, que já foi degustado aqui. Infelizmente, o Freeshop brasileiro resolveu que ele agora deve custar 91 Obamas, ao invés das 78 pagas no ano passado por essa garrafa. Qual seria o motivo? Impostos??? Ummm...
 
Enquanto o bambino respirava e matávamos o hermano, coloquei  umas bruschettas no forno.
O Zenato 2006 está em grande forma. Belíssimo Amarone. Tiro certeiro. Guardei essa especialmente pra quando o General retornasse ao Brasil. Que alegria poder abri-la agora, e numa ocasião tão especial.  Se eu fosse um Amarone em minha adega, escolheria esse dia pra ser aberto. Parabéns, Zenato. Você conseguiu!
Sr. Flick, recém chegado do Chile, veio com uma novidade, pelo menos para mim. Um Terrunyo Syrah 2007. Aquela garrafa bojudinha com um rótulo escrito Terrunyo causa ao mesmo tempo estranheza e ansiedade. Foi pro decanter enquanto o italiano ainda nos impressionava em seu final.
Muitas histórias e causos foram sendo lembrados. General é um grande criador de aforismos desde sempre. Sr. Woody lembrou de um que até hoje ofereço aos meus estagiários: "Não deixe a faculdade atrapalhar os seus estudos". Bom,  já  dá pra saber que não somos médicos, advogados ou engenheiros.
 
O Terrunyo Syrah é uma bazuca chilena da melhor qualidade. Muito potente e cheio de Kung Fu sulamericano. Destaque pra fruta madura atropelante que deixava a madeira nos fundos da sala. Redondasso hoje. Que safra esses caras tiveram em 2007. Como estarão esses premiums chilenos daqui a uns 5 anos?
Voltamos para o velho mundo com mais um clássico: Cartuxa Reserva 2007. Já no decanter percebi um floral que era novidade até então naquela noite. Mas também, depois de tanta opulência, qualquer notinha delicada se destacaria. Foi o que aconteceu, pelo menos pra mim. Se bem me lembro...
E tínhamos uns docinhos que Sr. Woody havia trazido da festinha de seu sobrinho. A deixa pra revisitarmos outro clássico do WL: o Porto Sandeman
Por coincidência, assim como da outra vez, foi a despedida do Homem da capa preta. Tínhamos um terço da garrafa. Agradou bastante, harmonizado com os brigadeiros e demais docinhos de festa. Não agradou à patroa o fato de, no dia seguinte, ela não ter encontrado sequer um docinho na geladeira. Ops!
 
Finalizamos a noite em grande estilo. Peguei uma garrafinha do Tuniche Late Harvest 2010 e descemos pra mureta da Urca, para apreciarmos a bela noite de lua cheia, com a Baía de Guanabara em primeiro plano e o Corcovado lá no fundo. Não dava pra reclamar de nada. A saideira teria que ser muito ruim pra macular esse post.
Felizmente, não era. O Tuniche (indicação do Doutor) estava gostoso. "lembra Pêssegos" conseguiu concatenar o Sr. Woody. Não durou muito a garrafinha. Já eram passadas 3:30 da madrugada. Tarde, "Mas não na Califórnia", bradou o inspirado Sr. Woody. "Lá Ainda são 11:30PM, vamos ligar pro Sr. Sanches!"
 
E assim, o pobre Sanshes teve que conversar com quatro bêbados que estavam na rua, cercados por cartões-postais, e que tentavam evitar que aquela noite se tornasse, enfim, apenas uma saudade.

Mas era inevitável. Só nos resta agora esperar um próximo alinhamento de planetas para que a Confraria dos Canalhas se reúna novamente.

       

                                 BBBB
          

                                  KKKK


                                   7777


                                   2222

Malbecs orgânicos dos Hermanos


Muito já havia lido a respeito dessa vinícola Jean Bousquet. O primeiro que alertou sobre seus vinhos foi o Cláudio, do Le Vin Au Blog, num post sobre o Cadeg.
Portanto, em uma das visitas recentes a Benfica, acabei adquirindo algumas garrafas sortidas.
 
Esse Jean Bousquet Malbec 2010, de míseras 23,5 Dilmas, é um vinho orgânico, como toda a linha da Jean Bousquet. E realmente entrega muito mais do que estamos acostumados a receber por esse preço. Joga fácil no time do custo-benefício. Hoje em dia, com  23 Dilmas, não podemos pegar uma sessao 3D de cinema num fim de semana, nem pegar um taxi da Urca ao Santos Dumont, nem comprar um glorioso Miolo Gamay no Zona Sul, e nem muitas outras coisas...
Mas dá pra comprar um vinho orgânico, argentino, que recebeu honrosos 89 pontos na winemag. É pra se comprar de caixa! Como se diz por aí.


O Jean Bousquet Malbec Reserva 2009 então, é bala! 41 Dilmas e uns centavos por um belo malbec tá valendo muito a pena. Ótimo corpo, sem exageros. Macio e suculento, com taninos simpáticos e bem comportados. Nariz também interessante, lembrando os tops dessa casta consagrada pelos hermanos. Mas sem ser espalhafatoso. Realmente uma bela surpresa.

Ambos entraram pro nosso time.

B                         7
      K
                                            2

Traje de Gala


No Natal do ano passado, ganhei um belo vinho de presente. Belo em todos os sentidos.  Fina e comprida (não cabe na maioria das adeguinhas climatizadas) a garrafa desse Luigi Bosca Gala 1 - 2008 é  bonitona e classuda. A rolha também traz um arremate especial na ponta. Um adorno que parece servir pràqueles que têm dificuldade pra acertar a rosca no meio da rolha (quem nunca arrebentou uma rolha por má pontaria?).
Nosso amigo de codinome Baby foi quem me presenteou com essa garrafa. Aproveito esse post pra agradecê-lo. Na época não foi possível por ele estar viajando. Valeu Baby! 

Mandei o caldo pro decanter sem filtragem. Há sedimentos no fundo da garrafa e se você se incomoda com isso, convém passá-lo na peneirinha. O vinho é muito bom. O visual elegante da garrafa corresponde ao líquido escuro que carrega. Malbec cortado com Petit Verdot e Tannat, com 14,4% de álcool que sobem pro nariz se a temperatura também subir.
Mas os senões param por aí. Passa com louvor na prova de bom comportamento e já tá entregando um belo material agora, sem que os taninos machuquem. No contra-rótulo o produtor estima um potencial de guarda de 15 anos.
Não dá pra guardar uma garrafa dessas tanto tempo.

 
Ela é muito comprida, entende?


                  B 

                  K

                  7

                  2

Um General, um Samurai, um Marquês


Fico sabendo através de uma rede social muito famosa, cujo nome vou omitir para não fazer propaganda, que nosso correspondente especial na China, o General, continuava vivo e que havia retornado à sua terra natal.
A primeira imagem que me veio à cabeça foi a de uma garrafa de vinho. Que começava, lá em cima, com uma capinha onde se lia "safra histórica 2007", lá no meio do rótulo principal, em destaque, havia o nome "Marques de Casa Concha". E logo abaixo: "Carménère"!
 
General ao fundo, Samurai ao lado e o Marquês em primeiro plano

O Samurai, também pego de surpresa, foi convocado em caráter de emergência para uma reunião com nosso correspondente. Havia muito a ser reportado. Muitos assuntos a serem discutidos. Muitos planos a serem estabelecidos.
Preparei uns belisquetes e um chili, sem muita pimenta. Começamos os trabalhos pelo mar, com as novas iguarias disponiveis na Cadeg. A ostra e o polvo defumados, da Marithimu´s. Portanto, abrimos esse Trio 2009 Chadornnay, que é cortado com Pinot Grigio e Pinot Blanc. Não empolga e não compromete. Esperava aquela manteiga que enche a boca, típica dos chadornnays amadeirados novomundistas. Mas não.
 
Enquanto o chili estava no forno, o Marquês nos esperava no decanter. Esse foi um dos vinhos que guardei especialmente para quando o General retornasse. Os Marqueses de 2007 já devem estar esgotados nos revendedores há mais de ano. E a carmenere é uma de nossas castas favoritas. Logo seria um ótimo welcome back pro nosso viajante missionário.
No nariz, uma beleza. Tudo do bom e do melhor misturado criando um perfume que empurra os lábios até a borda da taça. Na boca macio. Delicioso. Um vinho no tempo, no auge. Carménère!

E veja bem, se você tem uma garrafa dessas em casa guardada esperando aquela arredondada matadora, já pode abri-la hoje. Ou melhor, hoje não, pois  já tá meio tarde. Mas amanhã faça o serviço e seja feliz. Não corra o risco de esperar mais tempo.

Não agora...

                2
           7
     K
B

O Barolo sem rolha.



No aniversário do Polaco, cujas comemorações ainda estão em andamento, resolvemos voltar ao Outback com uma garrafa embaixo do braço. Afinal, lá é um dos poucos lugares onde não se cobra a "rolha". Se é que existe algum outro aqui no Rio.
O vinho que escolhi foi esse Barolo Rivetto 2007, de Serralunga. Figurinha já conhecida aqui no WineLeaks.
Por coincidência, o nosso amigo Bianchi estava conosco tanto nessa quanto na outra vez: Sujeito de sorte! Doutor estava no hospital trabalhando e chegaria um pouco depois: Sujeito de azar!
Os Barolos de Serralunga costumam ser mais encorpados. O Rivetto segue essa linha. A cor é escura e o halo avermelhado das bordas é sutil. Sem decanter, foi pras taças. Fechadinho no início. foi melhorando e melhorando, até melhorar de vez! Como o Doutor não dava as caras, fomos comendo e bebendo. Acabamos deixando 3 dedos, magros, para que ele pudesse ao menos experimentar o vinho.
Acabamos pedindo um vinho da carta do Outback. E o escolhido foi esse Down Under Shiraz 2010. Afinal, era a opção australiana da carta. Mais leve do que imaginávamos e bem frutado. Quase doce. Talvez o contraste com o Barolo tenha pesado. Mesmo assim, não desagradou. Pelo contrário. Mas deveríamos tê-lo pedido antes de partirmos pro vinho principal.
Faremos isso numa próxima oportunidade.

B   K   7   2

Deu La em casa


Clássico toda vida, o Alvarinho Deu La Deu é dos mais acessíveis do mercado. Uma escolha segura e eficiente. Acidez e frescor.

Acompanhou uma das especialidades que costumo fazer em parceria com a Patroa. Um linguado à milanesa. Eu compro o linguado e ela o prepara. Sempre dá certo esse trabalho em equipe.
Quase todo sábado ela me manda  pra feira pra comprar "dois montinhos do linguado pequeno" pra nossa princesinha. Tão gostoso e crocante que fica, o prato acabou se tornando nosso também.
E o Deu La Deu pegou-o de jeito nesse dia. Aliás, pegou a patroa também. Mais um ponto no meu trabalho de enocatequisação aqui em casa. 

Outro agravante pro nosso supercombo, que é uma boa dica pra quem curte, foi o azeite chileno Huasco. Aqui no Rio pode ser encontrado no Zona Sul, por volta de 14 Dilmas. Saboroso, perfumado e carnudo. Acidez máxima de 0,3%, segundo informação no rótulo. No momento, é o nosso favorito.
Em matéria de harmonização, essa é nossa obra-prima até o momento aqui em casa.

B   
    K
         7
             2

O Retorno do Rei


Polaco passou por uma verdadeira quarentena recentemente. O pão que o diabo amassou lhe foi oferecido sem sequer uma tacinha de vinho para acompanhar. E ele não teve escolha. Sua sorte é que o Doutor e sua gangue se revezavam na tarefa de resgatá-lo dessa tormenta. Aproveito o post para agradeçê-los por todo o carinho e atenção dispensada.
E para encerrar tão longa enoabstinência e recomeçar o tratamento com Resveratrol, nada melhor do que uma Magnum, sempre festiva e generosa. Sendo italiana e servida num almoço daqueles, temos um supercombo.
Esse Masi Campofiorin 2007 é um Ripasso. Vinho que muito tenho apreciado ultimamente. Trata-se de um mini-Amarone, digamos assim. É um vinho mais simples  e mais leve que seu primo rico, e que passa por uma segunda fermentação com as borras do Amarone elaborado pela vinícola. Isso lhe agrega qualidade sem que o custo suba muito. 
Estava praticamente arredondado e, gastronômico que era, harmonizou com um banquete que ia de feijoada a pernil assado. Uma farra! Muito adequada ao momento.
Sem passar pelo decanter, o vinho se abria e melhorava em nossas taças conforme o tempo passava. A acidez justinha era o ponto alto desse cara. Essa Magnum vem numa caixa bacana de papelão. Criando mais um ponto a favor do vinho.
Belo presente que o Polaco ganhou no último Natal.

O nosso Rei merece...

B     K        7                           2

A volta dos Enoanônimos!


Ok, já chega! O recesso do Wineleaks terminou. Depois de um longo e tenebroso inverno, estamos de volta. Nosso período sabático forçado foi turbulento, mas está encerrado e as notícias boas estão de volta.
Assim como o nosso querido General. Sim, nosso talentoso colaborador já está de na terra dos impostos, dos lucros abusivos e da Salvaguarda (será?).

Garrafas já tombam perante sua presença imponente. Muitas delas vão virar posts aqui.
 

Aguardem

B    K   

       7     2

Reunião com o chefe no Symposium


Toda vez que um chefe chama seu subordinado pra uma conversa é motivo de preocupação. Porém no meu caso, meu chefe, o Dr. Bridges, me convidou pra irmos ao nosso winebar favorito, o Symposium, em Laranjeiras. Levei o Polaco comigo, pois como ele é paciente do Bridges, estaria bebendo sob supervisão médica, o que lhe permitiria abusar. 
O Bridges é chegado num espumante e por sugestão do nosso anfitrião José Hodara, fomos de Cave Geisse. Muito boa, poderia estar mais gelada. Boa perlage e bem leve. Não pesa nada. Ideal pra começar os trabalhos.
Seguimos num comparativo de merlots. O Terra Andina merlot 2008 (uma das melhores relações qualidade x preço na opinião do guru do Polaco, o falecido Saul Galvão) e um Ecos de Rulo 2008 merlot. Os dois vinhos muito bons. O Terra Andina, mais barato, é um pouco mais rústico, taninos briguentos apesar de ser merlot. Um pouco alcoólico, mas nada comprometedor, e persistente. Vai melhor com comida. 
O Ecos é mais elaborado e equilibrado, porém bem mais caro. Taninos mais calmos e madeira mais presente, assim como o aroma. Mais fácil de beber sozinho. Bem Gostoso. Se me perguntar se vale a diferença de preço, acho que não. No decorrer da comparação, chegou a Doutora, que, como sempre, gostou dos dois e ajudou a dar uma baixa nas garrafas. Os vinhos foram acompanhados da tábua de frios e do haddock. 
E quando pensávamos que tudo estaria terminado, o Bridges sugeria um vinho de sobremesa. Tomamos o Tuniche late harvest 2010, riesling-gewustraminer. Excelente vinho de sobremesa e bom preço. Peço que me desculpem, mas não sei detalhar bem esse tipo de vinho, só sei que gostamos muito. Tanto que cada um levou uma garrafa pra casa.

E pensar que tudo começou com uma chamada do chefe pra conversar. Por essas e outras que eu gosto do meu emprego.

Doutor

Chateau Pesquié... Magnum!

O Doutor é freguês assíduo da importadora Nova Fazendinha, que tem como um dos seus mais badalados vinhos, já há algum tempo, o esquisitão aí da foto. Entra ano e sai ano, ele ganha carregadas tintas da caneta Parker. E a safra 2010 do Chateau Pesquié Terrasses, então, deitou cabelo! Para a indignação de muitos.
Como notas e avaliações precisas e inteligentes não são o nosso forte, e sim o esvaziamento exacerbado de garrafas, nesse mês carnavalesco abri logo uma magnum do controvertido vinho. Essa ganhei do Doutor no meu aniversário (as Garrafonas estão definitivamente na moda por aqui). Derrubei-a com a ajuda da minha dupla de judeus favorita: Jujuba e Bin Laden.
Pra começar, a caracteristica mais marcante desse vinho é o efeito que ele causa na boca. Há uma aspereza fazendo um carinho de leve na lingua que, em alguns momentos, nos faz imaginar que estamos bebendo um frizante. Muito agradável. E essa caracteristica já vem desde as primeiras garrafas que provamos desse cara, de safras anteriores.
No mais, é um vinho de corpo medio pra leve, novo, fresco e frutado.  Desce muito fácil e tá prontinho hoje. Custo-benefício matador, ainda mais se levarmos em conta o fato de ser um vinho francês.



Vá sem grandes expectativas e sem má vontade. Deixe os preconceitos do lado de fora da taça e caia dentro!




                                    B


                                    K


                                    7


                                    2

Mais um congresso. Mais uma Magnum


Para um bom Doutor que gosta de se atualizar, nada melhor do que um congresso.
Fomos eu e o Dr. Sucupira pra Orlando, EUA. Dessa vez sem o Polaco que está com a vesícula podre. Ao chegarmos no aeroporto de Houston, o Sucupira já tava desesperado atrás de um vinho. Foi quando encontramos um winebar de primeira, o Le Grand Comptoir onde tomamos alguns bons exemplares, o que acalmou a fera.
A noite, em Orlando, por sugestão do Sucupira, fomos jantar no Olive Garden, que é uma cadeia de restaurantes boa e honesta nos EUA. Tomamos, por sugestão da garçonete, o vinho da casa. Um italiano num garrafão Magnum chamado Principato 2010 Rosso. Custava cerca de 35 obamas a garrafa e 07 obamas a taça.

A moça não nos conhecia e desaconselhou que comprassemos a garrafa. Seguimos o conselho e acabamos tomando 3 taças cada um, o que nos permitiu descrevê-lo. Vinho de médio corpo, taninos moderados, madeira imperceptível, bem frutado e equilibrado. Não era muito persistente, o que nos forçava a tomar mais dele. É um vinho pouco complexo que vale a pena ser bebido.
 
Harmonizou bem com o nosso congresso.


Doutor

Desarmonizando, mas ganhando pontos!

A linha D.V. da Catena é conhecida pelo bom custo/benefício. Já foi melhor essa relação. Não tanto pelo benefício, que continua muito bom, mas o custo já anda querendo prejudicar a simbiose. O D.V. Catena Syrah-Syrah 2007 é o mais barato da linha. Esse aqui foi comprado na Cadeg por 61 Dilmas. A redundância no nome indica que são dois cortes de Syrah de diferentes regiões. Um deles é da zona de Agrelo, a 940 mts de altura. E o outro da zona de Vistaflores, a 1100 mts.
Mas vamos ao que interessa: Nariz aberto, de media intensidade. Só vem fruta. Ao aquecer um tantinho, já se sente o álcool (14o.) e ao girar a taça, percebemos o "choro" bem marcado. Há que se controlar um pouco a temperatura.
Corpo e permanência muito bons. O kung-fu sobra pouco nesse cara. Ou temos a sensação de que ele é sublimado pelas boas caracteristicas que encontramos nesse caldo. Dava pra guardar e arredondá-lo por mais um aninho. Estaria no ponto!
 

Foi "harmonizado" com um Penne aos 4 queijos, de forno, feito pela patroa. Por incrível que pareça, dessa vez ela caiu dentro do vinho e não reclamou de nada. Fato raríssimo! Tomou sua tacinha com prazer e sem água por perto. Parece que a harmonização, pelo menos pra ela, funcionou perfeitamente. Difícil decifrar o paladar das mulheres. Aliás, difícil decifrá-las...


Mas nesse dia, eu ganhei pontos na minha árdua tarefa de catequizá-la ao mundo dos tintos. E, quem diria, graças a um Syrah! E graças a um Catena!




B
      K
                                                 2      
                           7