Engraçado como o mundo dá voltas. Lembro de quando bebi o Bin 888 da Wyndham Estate, comprado no free shop da China, e escrevi o artigo para este blog. Ainda não estava nos planos uma viagem para a Austrália. Estava há muito tempo atrás dum vinho justo pro dia a dia. Não achei nele, mas cheguei a me perguntar como seria encontrar seus irmãos mais ricos. E imaginava como seria o nobilíssimo Black Cluster, o top da vinícola.
Com as expectativas lá em cima, acordamos e fomos pra Wyndham Estate logo de manhã. O caminho, de tão agradável, convida a algumas paradas, para respirar o fresco ar matinal da roça, com cheiro de ervas, eucalipto, toques de estrume bovino e quantidades tão abruptas de oxigênio que me lembraram a curiosa história dum amigo chinês. Casado com uma brasileira, assim que chegou à Florianópolis, de férias, teve taquicardia e passou mal. Felizmente, não era nada grave. Ele, nascido e criado em Pequim, sofria de hiperventilação!
Ao caminhar ao lado das videiras que margeiam a estrada, senti a euforia provocada por todo aquele oxigênio, que só aumentava a vontade de chegar logo ao nosso destino e conferir as novidades.
A Wyndham Estate está entre os mais antigos produtores de vinho da Austrália. Foi ele quem plantou a primeira vinha comercial do país, em 1830. E sua propriedade em Hunter é uma beleza. Cercada por videiras e bem em frente ao Rio Hunter, tem uma porta de adega de dar inveja, bem arejada e ampla, com um restaurante e um museu da vinícola em anexo. Próximo ao rio, uma churrasqueira perfeita, pronta pra quem quiser assar uma carne e beber um vinho cercado de videiras. Coisa de filme!
A recepção, logo no domingo de manhã, foi simpática e energética como de costume. É bom chegar cedo. E o frescor da manhã nos impeliu à árdua labuta. A Wyndham divide seus vinhos nas linhas Bin (a de frente, média de AUS$16), George Wyndham (os diferenciados, por volta de AUS$21,50) e Black Cluster (o gold plus premium deles, a AUS$65).
Estavam à disposição para degustação, no time dos brancos: Bin 222 Chardonnay; 2010 George Wyndham Semillon Sauvignon Blanc; 2009 George Wyndham Pathway Chardonnay; 2004 Show Reserve Hunter Semillon; 2007 Show Reserve Barossa Riesling; 2008 Show Reserve Adelaide Hills Chardonnay;
No time dos tintos: Bin 525 Shiraz Grenache; Bin 555 Shiraz; Bin 555 Sparkling Shiraz; 2005 George Wyndham Shiraz Grenache; 2007 George Wyndham Shiraz Tempranillo; 2007 George Wyndham Shiraz; 2009 George Wyndham Shiraz Cabernet; e Shirazes de vinhas especiais das regiões de Coonawarra, Hunter e McLaren Vale.
Além dos já relacionados, o 2007 Hunter Valley Black Cluster Shiraz e dois de sobremesa: o Liqueur Muscat e o fortificado Tawny.
Vou evitar comentários pormenorizados sobre cada um. Ao invés dos detalhes, vamos ao que interessa. A Wyndham Estate é um grande produtor. Na China, não por acaso, vende bem seu Bin 888, porque no país o 8 é o número do dinheiro e da sorte. Mas eu pularia a Bin e iria, logo de cara, na linha George Wyndham.
O Black Cluster... ahh, esse é uma prova de geometria descritiva, de tão complexo! Feito com frutas colhidas à mão de vinhas de 40 anos, nem adianta falar em corpo. Ali, a questão era de torque mesmo! Mas sendo um 2007, minha sensação foi a de que, mais uns aninhos, e ele estaria realmente no ponto. A patroa não gostou. Achou que faltou harmonia e educação pro vinho, que chega quebrando a vidraça pela clarabóia.
Fui embora um pouco confuso, mas com uma sensação boa, por ter conhecido o incompreendido Black Cluster e a Wyndham Estate, descobertas que há tão pouco tempo eram só links de internet.
General
9 comentários:
Ah, mas isso acontece muito. Esses vinhos bacanudos muitas vezes precisam de uma masmorra pra dar aquela arredondada.
Mas que vinícola, hein?
E vc falando de inveja. Humpf!
ABs
BK, chorei ao me separar do Black Cluster. Mas na China, sem adega, o que fazer? Eu acabei improvisando uma assadeira como a do Polaco, mas não é a mesma coisa.
Ainda voltarei pra me vingar.
General,
Que maravilha de post e de vinicola! Parabéns.
Ainda conheço muito pouco dos australianos para fazer algum comentário.
Estou engatinhando no mundo dos vinhos e conhecendo-os por parte, ou por paises.Primeiro foi o Chile,depois Argentina,mais recentemente Italia e Portugal, paises onde visitei recentemente. Para o ano que vem já comecei a estudar França e Espanha.
Abs
0-Berto,
Seu método é o melhor que tem.
Que tal se escrevesse um postzinho aqui sobre suas aventuras em alguma dessas enotrips?
Ficaríamos honrados.
Isso se o Leigo permitir, claro.
Abs
BK,
eu já pedi um post pra ele inúmeras vezes mas ele não se interessou.
Se vc conseguir tá de parabéns.
General,
vem cá, quantas vinícolas vc visitou na ostralha? Quinhentas?
Caramba, o arquivo não acaba.
Felizmente, é claro.
Abs
Fiquei emocionado com o convite de vcs. para relatar alguma coisa destas enotrips.Não tenho como recusar,posso até dizer que será um prazer.Vou providenciar alguma coisa em breve.
Leigo já me convidou inúmeras vezes é verdade,mas para escrever sobre os vinhos degustados,porém acho que ainda estou um pouco verde para sentir e descrever os aromas e sabores emanados por estas maravilhas.
È Leigo,vc tem que reconhecer que o BK foi mais convicente,parece que acertou no pedido.
Então até breve.Que tal a Toscana?
Abs.
Perfeito, 0-Berto.
Manda ver. Toscana seria ótimo.
Pode fazer no estilo dos posts do Doutor (Mendoza e Colchagua). Ou faça no estilo que achar melhor.
Fique a vontade...
Me mande o texto e as fotos que eu dou aquele tapa pra ficar no padrão. bk.wineleaks@gmail.com
Abs
Bk,brevemente te enviarei meu relato.Pode cortar alguma coisa que achar desnecessário.
bs
Sensacional! ZR de articulista! Finalmente um pouco de classe nesse blog esculhambado!
De fato, método excelente, esse do turismo com vinhos. Imagino os posts que estão por ser escritos! Começando com a Toscana? UAU! Já estou apertando F5 direto aqui!
LV, visitei oito vinícolas, um bar de vinhos muito bacana, uma bottle shop (entre as milhares) e trouxe oito binos na mala. Então, tem é post ostralhano! Vou tentar variar pra não ficar muito monótono.
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